Na treva que se fez em torno a mim
Eu vi a carne.
Eu senti a carne que me afogava o peito
e me trazia à boca o beijo maldito
Eu gritei
De horror eu gritei que a perdição me possuía a alma
E ninguém me atendeu.
Eu me debati em ânsias impuras
A treve ficou rubra em torno a mim
E eu caí.
sexta-feira, 5 de março de 2010
O Amor
O amor, de longe, diz-me adeus.
Passou. Foi flor e fruto
E hoje é mais nada. Um ramo nu que o vento agita.
O amor foi riso álacre, festa.
Depois silêncio, cinza e tédio.
O amor foi dor, presença ardente
E hoje é uma folha, leve coisa
Que na lembrança vai rolando
Para o gelado esquecimento.
O amor foi canto, voz ardente,
flama e esperança
E hoje é apenas sítio triste,
Paisagem toda envolta em névoa,
Brinquedo de criança morta,
Sombra amada, mas sombra.
O amor é uma cidade abandonada
onde ninguém habita mais.
Augusto Frederico Schimidt
Passou. Foi flor e fruto
E hoje é mais nada. Um ramo nu que o vento agita.
O amor foi riso álacre, festa.
Depois silêncio, cinza e tédio.
O amor foi dor, presença ardente
E hoje é uma folha, leve coisa
Que na lembrança vai rolando
Para o gelado esquecimento.
O amor foi canto, voz ardente,
flama e esperança
E hoje é apenas sítio triste,
Paisagem toda envolta em névoa,
Brinquedo de criança morta,
Sombra amada, mas sombra.
O amor é uma cidade abandonada
onde ninguém habita mais.
Augusto Frederico Schimidt
Poema Tirado de Uma Notícia de Jornal
João Gostoso era carregador de feira livre
e morava no morro da Babilônia
num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas
e morreu afogado.
Manuel Bandeira
e morava no morro da Babilônia
num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas
e morreu afogado.
Manuel Bandeira
quinta-feira, 4 de março de 2010
Caio Fernando Abreu - delícia legítima!
Ele me intimida com suas palavras, as quais achava que eram minhas e não podiam ser ditas, por falta de expressividade, falta de absurdos na vida, ou é só vontade de escrever como ele. Eu não sei...Caio trasparece leveza: lenço a voar pela janela do carro. Ao lê-lo, não me debato, não mordo o travesseiro. Canso-me de insistências inúteis, de ânsias impuras. Gosto de todo o mundo, de sua beleza. Sinto-me amado e, depois, desprezado. Delícia de confronto: não-amor e amor total. Eu chamo de bom combate, que te faz 'crescer' na vida, que deixa a foda mais intensa, entre a luta dos corpos e o impregnar do suor. É um desejo de tomar um banho de cachoeira logo ali, vestir uma roupa larga, preparar um café no final de tarde e sentar na varanda, olhando as grandes árvores centenárias, os enis espalhados pela grama e as almofadas vermelhas e azuis, ao som de Elis Regina.
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